“Deixamos de ser importadores de alimentos, para sermos um dos principais produtores globais”, lembra o presidente da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), Celso Moretti. “Tropicalizamos a soja, o milho, e agora estamos tropicalizando o trigo. Além disso tropicalizamos os bovinos europeus. Aplicamos iLPF, rotação de cultura e fixação de nitrogênio”.
O presidente da CropLife, Christian Lohbauer, reforça que foi graças à tecnologia que se aplicou no agro nos últimos anos é que chegamos aos resultados atuais: melhoria de sementes e plantas – “que estão mais resistentes, a quantidade de insumos que se usa hoje em média para atacar as mesmas pragas de anos atrás é menor” -, menos uso de áreas para produzir mais e biodefensivos; “É importante dizer, agricultura brasileira é sustentável”, enfatiza.
Para o diretor executivo da Abag (Associação Brasileira do Agronegócio), Eduardo Daher, parte da rápida adaptação do Brasil ao agro sustentável deve-se a uma demanda dos consumidores internacionais, questões de transparências, rastreabilidade (de onde vem e como produziu) e pressão dos investidores na adotar total ou parte das práticas (como neutralização do efeito estufa).
“(Diferentemente do mundo) temos duas safras e teremos uma terceira: carbono verde. Mas, ainda assim, mostrar que somos sustentáveis é a pergunta de dois milhões de dólares, quase sempre falamos para nós mesmos do agro”, indica Daher.
Na opinião de Camila Telles, porém, esse desafio de o agro mostrar que “está longe de ser o vilão e mais perto de ser a solução”, pode ser resolvido pela geração que “nasceu com o celular na mão”. “Temos a obrigação de mostrar o que acontece nas propriedades! Além de organizar uma maior união entre indústria e entidades representativas. Agro é uma cadeia que muitas pessoas desconhecem”.
Energia Renovável: Por que a energia solar fotovoltaica vem crescendo tanto no campo?
O presidente da ABGD (Associação Brasileira de Geração Distribuída), Guilherme Crispim, aponta que a disponibilidade de Sol é algo natural ao Brasil e consequentemente ao agro. “Produção agrícola é intensiva (logo, demanda fontes de energia)”, sinaliza.
Além disso, Matheus Schmitt, da Intelbras lista a economia de até 95% na conta de luz, um sistema que demanda baixa manutenção e a possibilidade de reinvestimentos em melhorias e aplicação nos negócios como motivos para investir em energia solar para fazendas.
Para quem se interessa em adotar a tecnologia, Gabriel Aidar, do BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social) indica duas opções de linhas de crédito: “Fundo Clima” e “Finame Baixo Carbono”. O primeiro é voltado para aquisição e produção de máquinas e equipamentos com maior índice de eficiência energética ou que contribuem para a redução dos gases de efeito estufa.
Como itens financiáveis estão equipamentos cadastrados no Programa Procel, categorias A e B;
Sistemas geradores fotovoltaicos (até 375 kw), aerogeradores até 110 Kw, motores biogás, aquecedores solares e luminárias LED – iluminação pública;
Ônibus e caminhões elétricos ou híbridos;
Ônibus movidos a etanol.
Condições:
Beneficiários: micro e pequenas empresas, empresários individuais, cooperativae pessoas físicas (inclui produtores rurais)
Taxa de juros: 0,1% a.a +0,9% a.a 9Spread BNDES0+ até 3% a.a. (remuneração AF)
Garantias: negociadas com o Agente Financeiro
Prazo total: até 12 meses (carência de 2 anos)
Participação máxima: até 60%
Limite máximo: R$ 10 milhões a cada 12 meses
Já o “Finame Baixo Carbono” é para máquinas e equipamentos. O financiamento à aquisição de máquinas e equipamentos que contribuam para a redução da emissão de carbono
Itens financiáveis:
Energia:
Solar – sistemas geradores fotovoltaicos de até 375 kw (tipo A);
Eólica – aerogeradores de até 110 kw;
Aquecimento de água – aquecedores/ coletores solares;
Serviços de instalação dos itens acima.
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