Uma comunidade de 40 piscicultores cearenses do município de Jaguaretama, a 241 quilômetros da capital Fortaleza, está comercializando óleo de vísceras de tilápias para a Petrobras, para a produção de biodiesel. A ação resulta da recente regulamentação que inclui materiais de origem animal na produção de biodiesel e que insere mais produtores familiares nos arranjos do Selo Combustível Social. Isso mostra que é possível abrir novos caminhos no agronegócio e entregar novos tipos de produto a partir de uma mesma cultura.
A cada três meses, a cooperativa comercializa 15 mil litros de óleo residual de peixe – material que antes era descartado pelos produtores -, cujo valor bruto do litro é de R$ 2,20. Os resíduos são processados em caldeiras e encaminhados para a usina da Petrobras, em Quixadá (CE), onde é transformado em combustível. Estima-se ainda que com implantação de uma máquina desenvolvida pela UFC (Universidade Federal do Ceará), resultado de convênio entre Petrobras e Governo do Estado, seja possível processar 120 quilos de vísceras por hora.
Duas características do óleo têm chamado a atenção de pesquisadores e produtores: seu rendimento e sua capacidade de limpeza de equipamentos. De acordo com engenheiro de processamento da Unidade de Biodiesel da Petrobras de Quixadá, Antônio Carlos Almeida, na unidade de produção de biodiesel o uso do óleo manteve os mesmos rendimentos esperados para a soja: um quilo de óleo para a produção de um quilo de biodiesel.
Subprodutos, como a glicerina e o ácido graxo gerados na produção do biodiesel e no refino também não apresentaram nenhuma dificuldade na comercialização. Sobre a limpeza dos equipamentos como trocadores de calor e tubulações, Almeida explica que foi constatada melhoria na eficiência operacional o que possibilitou o adiamento nas paradas para a limpeza na unidade.
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