O Brasil é um grande usuário de biodiesel com tendências de forte crescimento para 2023. Para este ano, o consumo brasileiro deste biocombustível deve alcançar 7,3 bilhões de litros, indicando uma alta de 15,5% em relação ao ano anterior, segundo estimativa divulgada pela consultoria StoneX.
Essa estimativa otimista vem de acordo com a definição do governo federal sobre o aumento da mistura do biocombustível ao diesel, que recentemente passou de 10% para 12%, o que indica um impacto de R$0,02 por litro de combustível fóssil na bomba.
Este cenário vem para confirmar o forte potencial dessa cadeia para contribuir com o crescimento do PIB do agronegócio e geração de empregos relatados nos últimos estudos realizados pelo Cepea/Abiove.
Rápido crescimento da cadeia da soja e do biodiesel
A indústria brasileira da cadeia de soja e do biodiesel já entrou em ciclo de expansão acelerada.
Dados de um relatório do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP, em parceria com a Abiove (Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais) indicam que tanto o PIB da cadeia da soja, quanto a geração de empregos apresentaram resultados positivos em 2022.
A cadeia da soja e do biodiesel contribui com 27% do PIB do agronegócio
Segundo o estudo, no ano de 2022, o PIB da cadeia produtiva da soja e do biodiesel foi de R$ 673,7 bilhões, representando cerca de 27% de todo o PIB do agronegócio nacional.
Para que você tenha uma ideia, há 12 anos (2010), esta participação era de apenas 9%, ou seja, de 2010 a 2022, o PIB da cadeia expandiu 58%. No mesmo período, o agronegócio cresceu 8% e a economia, 12%.
Isso indica um aumento consistente da disponibilização de produtos ao consumidor final pela soja e o biodiesel.
A geração de empregos também cresceu de forma significativa
Os dados de 2022 mostraram também que toda a cadeia da soja e do biodiesel gerou 2,05 milhões de ocupações, 80% a mais do que em 2012 (início da série).
Com isso, a participação deste segmento como gerador de empregos no agronegócio passou de 5,8% para 10,8%. O estudo também identificou que a maior parte da população ocupada (PO) na cadeia está nos agrosserviços, com 1,35 milhão de empregos (+70,5% frente a 2012).
O rendimento médio do trabalho também cresceu. Em 2022, o valor foi de R$ 2.912/mês (29% acima dos R$ 2.257 no agronegócio). Na produção de soja, esse valor chegou a R$ 3.417 (115% acima do recebido na agricultura, R$ 1.591).
Nas agroindústrias, a remuneração foi de R$ 2.359, com valores mais altos registrados no esmagamento e refino (R$ 2.818) e no biodiesel (R$ 3.192). No mesmo ano, o ganho médio da agroindústria agrícola brasileira foi de R$ 2.277.
A escolaridade média dos profissionais que atuam na cadeia da soja e do biocombustível também é superior quando comparada ao agronegócio, inclusive com crescimento bastante intenso.
O comércio externo também se destaca
Na última década, a tendência para o complexo soja era de crescimento das vendas externas e isso vem se confirmando. Mesmo com algumas oscilações, a receita atingiu novo recorde no ano de 2022 (US$ 61,3 bilhões). Essa receita representa 38% das exportações do agronegócio brasileiro.
O principal destino dos embarques é a China. O país asiático absorve, desde 2013, mais da metade do valor exportado pelo Brasil, em 2022, esse volume foi de 52,61%.
Porém, desde o ano de 2019, este país tem reduzido sua participação, devido às importações crescentes do Sudeste Asiático, da África e do Oriente Médio. Outros grupos de países que se destacaram como destinos da soja brasileira em 2022 foram:
- União Europeia (14,51%);
- Sudeste Asiático (10,09%);
- Oriente Médio (7,49%);
- Leste Asiático (3,58%);
- África (1,76%); e
- América do Norte (0,75%).
As demais nações participaram com 9,21% de todo o volume exportado pelo Brasil.
Mas, mesmo diante do destaque em exportação e saldo comercial, volume significativo gerado pela cadeia da soja e biocombustível fica no mercado doméstico.
Em 2022, por exemplo, a relação exportação/produção foi: 61% para a soja em grão; 53% para o farelo de soja; e 26% para o óleo de soja.
Crescimento da porcentagem de biodiesel no diesel aquece o segmento
Para o futuro próximo, a expectativa é, como já salientado, que a cadeia de soja e biodiesel alcance um forte crescimento, principalmente para abastecer o mercado interno.
O principal motivo para as projeções positivas sobre o consumo de biodiesel está relacionado às mudanças nas regras de inclusão do biocombustível no diesel tradicional.
Essa mudança na mistura foi definida pelo Conselho Nacional de Política Energética (CNPE). Segundo a nova regra, o combustível passará de B10 (com 10% do biocombustível adicionado ao diesel) para B12 de abril a dezembro.
Com isso, a expectativa é que o consumo brasileiro de biodiesel deverá alcançar 7,3 bilhões de litros em 2023, uma alta de 15,5% em relação ao ano anterior.
O CNPE espera avançar gradativamente ao B15 (15% de biocombustível no diesel) até 2026. Com isso, o crescimento deste segmento tende a ser ainda maior daqui para frente.
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