O Brasil figura entre os maiores produtores agrícolas do mundo, com boa produtividade e itens de qualidade. Porém, nem tudo é perfeito. Quando o produto vai para o caminhão e começa sua viagem, iniciam também os problemas.
Nossa infraestrutura logística, apesar de alguns avanços, ainda é falha e seus investimentos não contribuem com a taxa de crescimento do agronegócio nacional, e o pior, podem até atrapalhar.
Pegar o produto dentro da fazenda e leva-lo até a mesa do consumidor ou até os portos para a exportação é um dos grandes desafios do agronegócio brasileiro que precisam ser solucionados. Caso contrário, o agronegócio nacional não conseguirá aumentar sua participação na produção mundial de alimentos.
Logística Agro: muito dependente de estradas
Cerca de 60% da produção brasileira é transportada por caminhões via estradas, e é exatamente nelas que está o principal problema logístico do Brasil. Segundo dados da CNT (Confederação Nacional de Transportes), somente 12% da malha rodoviária nacional são de vias pavimentadas e boa parte dela está concentrada nos grandes centros.
Conselheiro da CBC e da Brasil Fretes e ex-presidente Cargill S/A, Sergio Barroso cita que o alto custo logístico do transporte rodoviário é o maior gerador da grande perda de eficiência do setor agropecuário brasileiro.
“A ineficiência significa menor agregação de valor, causando grandes transtornos e reduzindo substancialmente a produtividade que existe da porteira pra dentro”.
Porém, o que está ruim, piora ainda mais. Nosso problema logístico fica ainda mais evidente quando o produto chega aos portos para exportação, defasados e muitas vezes sem a estrutura necessária.
Tais problemas geram atrasos na entrega, aumento do frete marítimo e, consequentemente, do preço do produto final. É a falta de eficiência dando as caras novamente.
Qual é o maior desafio atual da logística agro no Brasil?
O Brasil está atrasado quando o assunto é sua logística de transportes da produção agrícola, e, tudo não será resolvido do dia pra noite, precisamos começar o quanto antes para que nosso futuro seja mais “iluminado”.
Para Barroso, o Brasil tem urgência em eficiência: “precisamos comprar e vender melhor, mais rápido e com menor custo”. Para ele, é essencial investir em tecnologia para dar acesso a mercados para todos os produtores e assim reduzir custos de transação.
Algumas soluções são comuns e totalmente adaptáveis à condição brasileira. Acompanhe!
Transporte pelas águas: barato e eficiente
A maioria dos países no mundo não têm rios navegáveis, o Brasil, por sua vez, tem boa parte de suas águas com essa capacidade. Somos abençoados nesse sentido e contamos com 44 mil quilômetros de rios, dos quais 29 mil são naturalmente navegáveis.
Porém, apenas 5% da safra de grãos é transportada pela água, enquanto 67% segue por estradas. Aumentar a eficiência do transporte em rios é meta estipulada pelos governantes, mas quase nada sai do papel.
Transporte ferroviário: esquecido nas últimas décadas, mas com grande potencial
Por muito tempo, as ferrovias foram as principais responsáveis pelo transporte agro brasileiro. Porém, na década de 1950, optou-se pelo sistema rodoviário como forma de alavancar o desenvolvimento econômico. Em consequência, as ferrovias ficaram com falta de manutenção e investimento baixo, as ferrovias e os trens foram ficando velhos e obsoletos, sendo praticamente esquecidas pelos governantes.
O potencial das linhas férreas é muito grande para o transporte de cargas agrícolas no Brasil, com transporte mais barato e rápido. O governo até tem muitos projetos para o retorno do transporte ferroviário brasileiro, porém, devido a crise econômica ou falta de governabilidade, as estradas férreas recentemente construídas nunca viram um trem passando sobre elas.
Como resolver os problemas logísticos?
Anos atrás, diversos países não tinham um sistema logístico forte, mas com muito esforço hoje são exemplos de eficiência logística. O agroempreendedor brasileiro precisa entender que é sim possível, mas, para isso, precisa priorizar a eficiência.
Para Barroso, “lideranças do setor precisam ter a eficiência como bandeira. Sejam as lideranças privadas, que patrocinem adoção de novas tecnologias, ou públicas, na criação de alternativas para solucionar problemas estruturais diante do quadro fiscal que se apresenta”. O crescimento logístico passará pela eficiência.
Ainda segundo Sérgio Barroso, soluções estruturais, que perpassam estradas, portos e ferrovias são de ordem pública e devem ser o foco da melhora logística brasileira. “O papel do empreendedor privado é de apoiar e cobrar por tais agendas”, diz.
Para finalizar, o especialista cita que “o grande desafio dos produtores está em empreender profissionalmente, crescendo de modo sustentável, mas sempre em busca de mais eficiência”. Há solução, e isso depende de esforços conjuntos de produtores, governantes e iniciativa privada.
E você, produtor, está fazendo a sua parte e buscando melhorar a sua eficiência? Compartilhe essa ideia nas suas redes sociais!
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