A agropecuária brasileira representa uma atividade que, ao longo dos anos, vem tendo elevada participação da tecnologia para promover o aumento da produtividade e consequentemente trazer maior geração de renda ao trabalhador.
Entretanto, as principais tecnologias agrícolas possuem alto custo, tornando-as praticamente inviáveis para pequenas e médias propriedades rurais, representantes da grande maioria das propriedades agrícolas brasileiras.
Para estas propriedades, a necessidade por tecnologia, por muitas vezes, está ligada às necessidades básicas, como as de saneamento básico e redução do desperdício de água durante a irrigação.
Segundo o chefe-adjunto de Transferência de Tecnologia da Embrapa Instrumentação (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), Carlos Renato Marmo, as tecnologias sociais de saneamento básico rural podem contribuir com a qualidade de vida e produtividade do pequeno e médio produtor.
Conheça mais sobre essas tecnologias agrícolas desenvolvidas pela Embrapa e que são pensadas para serem acessíveis ao pequeno e médio produtor rural.
Saneamento básico: Tecnologia a favor da qualidade de vida
De acordo com dados apresentados por Marmo, menos de 20% das propriedades rurais do Brasil possuem sistemas adequados para tratamento de esgoto doméstico.
Essa ausência no tratamento pode proporcionar alta contaminação do solo e das águas, tendo como consequência uma série de doenças de veiculação hídrica, além dos impactos ambientais negativos.
“Em razão dessa deficiência, as tecnologias sociais de saneamento básico rural, pela sua concepção e aplicabilidade, são as mais acessíveis a este público”, explica Marmo, que complementa: “Além do mais, possuem baixo custo, exigem pouca manutenção e baixo manejo por parte do usuário, tornando-as naturalmente mais acessíveis”.
Assim, o chefe adjunto de Transferência de Tecnologia da Embrapa Instrumentação explica que as principais tecnologias sociais de saneamento básico rural desenvolvidas pela Embrapa Instrumentação são:
- Fossa Séptica Biodigestora: Solução tecnológica, de fácil instalação e baixo custo responsável por tratar o esgoto do vaso sanitário de forma eficiente, além de produzir um efluente que pode ser utilizado no solo como fertilizante; e
- Jardim Filtrante: Trata-se de um pequeno lago com pedras, areia e plantas aquáticas onde o esgoto é tratado.
Sensores de irrigação: tecnologias agrícolas para economizar água
Os sensores de irrigação também representam tecnologias agrícolas de baixo custo bastante interessantes para pequenos e médios produtores rurais. “Esses sensores foram desenvolvidos como indicadores do momento de irrigar a produção agrícola, evitando o desperdício de água e, consequentemente a sobrecarga do solo”, explica Marmo.
Nesse contexto, ele sugere o Irrigador Solar como uma tecnologia bastante acessível à pequenos e médios agricultores.
“Este é um dispositivo que não utiliza energia elétrica ou combustível para bombear água para pequenos espaços produtivos, pois é um sistema ativado pela energia solar, podendo ser adaptado para hortas e, inclusive, espaços urbanos”, comenta Marmo.
Capacitação e manutenção são fundamentais
Segundo Marmo, tanto a capacitação para o correto uso quanto a manutenção dos sistemas são ações fundamentais para aproveitar o máximo das tecnologias sociais.
“Nas situações tradicionais, o esgoto doméstico das residências geralmente é direcionado sem tratamento para uma fossa negra, não demandando nenhum tipo de providência por parte do usuário”, explica.
Assim, ao receber uma tecnologia social de saneamento, como as citadas aqui, Marmo indica que é necessária uma quebra de paradigma. “A Embrapa Instrumentação se preocupa em desenvolver sistemas que, além de tratar o esgoto, possuem potencial para melhor aproveitamento do efluente como biofertilizante na produção agrícola, porém estas devem ser feitas com critérios”.
Desafios para difusão das tecnologias agrícolas para produtores
Para Marmo, os principais desafios para maior difusão das tecnologias agrícolas em pequenas e médias propriedades é encontrar a melhor solução técnica, no que diz respeito ao desempenho, combinando com a adequabilidade ao ambiente no qual o agricultor está inserido.
“Ao desenvolver e projetar uma tecnologia agrícola é necessário avaliar como o sistema funcionará e a harmonia dele com o ambiente, de forma que ela não seja abandonada, por alta complexidade ou demanda exagerada de operação/manutenção”, explica.
Além disso, é fundamental que exista acompanhamento no uso dessas tecnologias, garantindo a obtenção do máximo que elas podem proporcionar. Neste sentido, Marmo explica que a Embrapa desenvolve tecnologias, porém não faz parte do escopo da empresa a extensão rural.
Desta forma, a materialização das tecnologias que a Embrapa desenvolve ocorre com o apoio da rede de parceiros institucionais, sejam públicos, privados e do terceiro setor e dentre os principais parceiros do Setor Público estão as empresas de Extensão Rural, como EMATER e CATI, além de outros órgãos ligados à área agrícola e ambiental.
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