Sim. A AgroFicção existe nas mais diversas formas: na vida real ou na arte. É comum, no dia-a-dia, ouvirmos dizer que frango tem hormônio, por exemplo, e muitas pessoas teimam ser uma realidade e não imaginam – ou talvez elas até imaginem e façam de propósito – o quanto a disseminação de falsas afirmações sobre o agronegócio brasileiro prejudica a nossa imagem internamente e internacionalmente.
A AgroFicção também está presente na teledramaturgia brasileira há décadas apresentando a beleza e a grandeza do Agro, além de verdades e inverdades também. No entanto, o estrago feito sobre o que é dito ou mostrado pela ficção termina, contraditoriamente, sendo potencializado por nós próprios do setor. Prova disso é que a nova novela da Rede Globo, Terra e Paixão, vem sendo alvo de críticas nos grupos Agro de WhatsApp, e variadas redes socias, porque alguns agropecuaristas entendem que o vilão da ficção mancha a imagem do setor frente à opinião pública.
A questão é que toda trama de novela tem um vilão. E se o folhetim só fala de Agro, obviamente o carrasco será um personagem Agro. Além disso, no agronegócio da vida real, como em qualquer outro segmento – jornalístico, político, jurídico, pedagógico, empresarial, não governamental, etc. –, o fato é que sempre existirão mocinhos e bandidos. Sendo assim, a pergunta que fica no ar é: “Por que tanto incômodo e alarde com uma obra de ficção?”.
A resposta estaria no fato de que a arte, muitas vezes, imita, sim, a vida real e traz à tona situações constrangedoras que expõem o lado feio, um tanto sombrio, de atitudes que repugnamos e que recusamos qualquer tipo de comparação com o nosso trabalho diário. Porém, nos incomodarmos com o que está sendo mostrado pode ser confundido com vestirmos uma carapuça que talvez nem seja o nosso número, mas que teimamos vesti-la por orgulho ferido.
A grande “sacada” seria se nós, representantes do Agro nas mais diversas esferas, tivéssemos a mente aberta para trocar a vaidade de nos sentirmos ofendidos pela sabedoria de nos indignarmos e nos posicionarmos publicamente, de peito aberto, contra o grande vilão, que se apossa da terra da mocinha da trama ao forjar falsas escrituras. Afinal, devemos defender o Agro responsável com unhas e dentes, sempre, mas não podemos ser hipócritas a ponto de nos recusarmos a admitir que existem latifundiários grileiros à baciada no nosso País –uma vergonha que deve ser denunciada e veementemente combatida.
É preciso entender que quando nos incomodamos com o que é mostrado é porque, de alguma forma, aquilo toca em algum nervo que devemos tratar, ou seja, algo que precisamos refletir e melhorar. Por outro lado, como agir quando realmente inventam coisas absurdas sobre o Agro? Pois bem, é normal que o sangue ferva num primeiro momento, mas a irritação piora ainda mais as coisas.
Como já mencionei, responder mal é o mesmo que vestir a carapuça. Então, seguem 3 dicas para você lidar com quem teima em falar mal do Agro injustamente. E leia até o fim, pois você ganhará uma dica bônus que vale mais do que ouro.
- Mantenha a calma. Evite responder com agressividade e apresente uma postura respeitosa, mesmo que a outra pessoa não o faça. É importante que você seja tão grande e tão nobre quanto o Agro;
- Responda com fatos e argumentos científicos que possam esclarecer as dúvidas ou mal-entendidos que levaram à ofensa. Isso pode ajudar a mostrar que a agricultura é uma atividade importante economicamente e benéfica para a sociedade;
- Mostre o valor do agronegócio, ou seja, em vez de ficar na defensiva, a grande oportunidade é você educar quem é ignorante no Agro e mostrar as coisas boas feitas no campo, como recuperação de solo e pastagem, os cuidados com a água e os animais, o sequestro de carbono, entre outras importantes ações. Lembre-se de que gentileza e educação transformam pessoas;
- E agora vai de presente a dica de ouro: se o que falarem de ruim sobre o Agro for realmente verdade, porque sabemos que não existe santo nem mesmo no agronegócio, seja, você, o primeiro a ficar contra a minoria que faz coisas ruins no setor. Agindo assim, conquistaremos o respeito e a admiração que tanto esperamos da sociedade.
Enfim, assim como os telespectadores de AgroFicção, nós, que fazemos parte do universo do agronegócio, precisamos também discernir o que é ficção e verdade indo contra à dura e cruel realidade sobre a existência de malfeitores do Agro que, infelizmente, apequenam o setor. Porém, nos cabe mostrarmos que somos suficientemente gigantes para combater este mal sem agressividade e com muita sensatez.
Lilian Dias é comunicadora Agro, jornalista especializada no setor e geriu a redação das duas maiores emissoras de televisão do agronegócio brasileiro. Possui MBA Executivo pela ESPM, com foco em habilidades de gestão de pessoas, práticas de liderança e marketing. É autora do e-book "Os Pilares do Agronegócio".
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